É interessante desenhar números onde não se evidenciam as premissas adotadas. É obvio que precisamos rever o “net-metering” e discutir com todos agentes e sociedade os rumos do setor energético. É obvio que a distribuidora presta um serviço de bateria “virtual” para a geração local e remota e que precisa ser ressarcida por isto. O grande erro da ANEEL foi passar de uma alternativa mais balanceada para uma onde apenas a energia é compensada ignorando benefícios da GD de curto e longo prazo para o setor. Não é simples generalizar estes benefícios pois dependem muito da localização, da curva de carga dos consumidores, configuração dos alimentadores, etc. Portanto, colocar números dos malefícios assim como dos benefícios num horizonte de 50 anos é, no mínimo, leviano. Num mundo onde a ameaça climática está chegando rapidamente, onde as tecnologias de geração, armazenamento e mobilidade elétrica vão mudar a forma de tratar a energia elétrica, pode-se dizer que qualquer previsão com mais de 5 anos é mero achismo. Precisamos, sim, rever o papel das distribuidoras deixando de ser meramente um agente passivo e entregador de energia para um agente integrador de recursos distribuídos que precisa ter uma regulação econômica equilibrada.
José Wanderley Marangon Lima